sobre os enganos...

Postado por Abaixo do Radar , sexta-feira, 30 de abril de 2010 00:33

"È quando tutti i giuramenti fatti a te saranno inganni alla vita che, stupita, sbanderà..." (Amadeo Minghi)

Sim, eu vejo as lágrimas que escorrem agora dos teus lindos olhos castanhos. Olho o rastro quente e cheio de ardor, que elas deixaram por todo o teu rosto. Percebo a mágoa expressa pela destruição de uma grade imaginária que você acreditava ser a realidade. A sua realidade.

Ei, eu sei que você está vestindo a máscara da frieza. Mas ela não vai te proteger de todo mal, nem vai te entregar o sorriso de volta. Pelo contrário, acabará escondendo um pouco do teu brilho natural e te dará a ilusão de que todas as portas ao abrir, trarão uma guerra eminente. E isso poderá ser ainda mais traiçoeiro e te fazer perder experiências fantásticas.

E o medo? O que fazer com ele? Você deve se perguntar bastante. Sei bem como é isso. Tanto quanto sei que é difícil fingir que nada aconteceu e que você se sente feliz debaixo desta pesada armadura. Infelizmente ele não se esvai automaticamente, pelo mero desejo. Mas, espero que você consiga perceber que és especial e bem mais encantadora in natura.

Talvez, eu esteja falando de coisas que você não quer ver. Desculpe-me. Não são críticas, nem uma maneira de tentar controlar o jeito como você vê o mundo. Podem parecer apenas palavras confortantes de alguém que goste da sua essência ou, até mesmo, ser uma forma velada de dizer que eu cuidaria muito bem de você...

*Da série Sobre: a vida, recortada em detalhes.

sobre as cores...

Postado por Abaixo do Radar , quarta-feira, 28 de abril de 2010 01:57

“And if I do dream, I’ll dream you’re like, pink and green and white, blue and gray and light...” (B.G. The Prince of Rap)

E ao adormecer, ele se viu como que passando por um portal mágico, onde a vida ganhava tons mais vivos e nítidos do que o cinzento de sua grande cidade.

Resolveu então, aproveitar esta grata viagem que lhe foi oferecida, mergulhando em um mar de sensações que ele achava que já havia experimentado, mas há muito não sabia distinguir o sabor.

Olhava pessoas com mais sorrisos, mais lealdade, menos hipocrisia. Via um mundo mais justo, mais solidário, mais interessante de se viver, com uma riqueza de detalhes impressionante.

Ele não acreditava que estava dormindo, nem que aquilo tudo seria um sonho. Então, ao acordar, correu, abriu a janela e, para sua surpresa, o mundo tinha novas cores, talvez porque as coisas sejam exatamente como queremos vê-las...

*Da série Sobre: a vida, recortada em detalhes.

sobre a nostalgia...

Postado por Abaixo do Radar , segunda-feira, 26 de abril de 2010 00:31

“Something I've been missing for such a long time, I'm wondering why…” (Eiffel 65)

Tenho percebido que ao chegar o final de semana, as pessoas se dividem entre as que buscam atividades inovadoras e as que apenas conseguem pensar no descanso. Ah, existe uma terceira parte delas, exatamente a que se torna refém das maravilhas da TV. Quanto a mim? Apenas tentei fazer com que esses dias fossem um pouco diferentes.

Não, não fiz algo sobrenatural. Foi um final de semana comum, descansei, fui à Igreja no domingo, joguei o lendário FIFA de cada sábado, joguei um boliche, gastei muito do meu pouco dinheiro comendo um rodízio de sushi (que não tem custo-benefício algum para mim), vaguei de porto em porto nas maravilhas deste oceano da internet, além de ouvir muitas músicas. E é sobre esse item que vou falar agora.

Eu não sei exatamente o porquê, mas esses dias tenho me sentindo um tanto nostálgico relembrando os anos 90. Bons tempos, hein?

Sim, já há muito nos separando daqueles tempos. E não, não tem como sentir a essência da nostalgia sem ouvir boas músicas. Então, minha solução foi buscar conforto num pacote de músicas eletrônicas marcantes daqueles dias.

No reino da multi-cultural e musicalmente bem trabalhada axé music, das popuzudas e mulheres frutas do funk, e do forró que de música do homem do campo, passou a pregar os safadões-bebuns-e-as-piriguetes-espevitadas - também chamado de Brasil - um pouco de bons BPM's podem deixar as coisas bem melhores, não acham?

Então, DJ... fecharei meus olhos e abrirei o coração para aquele house antigo varada, aquele dos tempos em que as músicas ainda tinham letras que versavam sobre coisas interessantes e que, mesmo numa linguagem simples e coloquial a gente sabe o porquê de sentirmos falta, ainda hoje...

*Da série Sobre: a vida, recortada em detalhes.

sobre as dúvidas...

Postado por Abaixo do Radar , sábado, 24 de abril de 2010 02:19

“And the thing that freaks me out is I'll always be in doubt…” (The Cranberries)

E lá estava ele, por mais um dia sentado naquela escadaria empoeirada, tentando decidir o próximo passo a dar em sua vida, talvez pressentindo a chegada de novas dúvidas e questionamentos sobre o amanhã.

O relógio apressado acentuava a sensação de estar distante das respostas. Os neurônios, por sua vez, trabalhando a todo vapor em intensas sinapses, transformavam informações em um frenesi de sensações.

Sapatos, tênis, chinelos e sandálias desfilavam pelos degraus num sobe e desce enfurecido, enquanto ele calmamente mantinha sua cabeça baixa, certamente com o olhar bem mais distante do que o chão à sua frente.

Mal percebera que duas horas haviam passado, mas, como em um piscar de olhos, enxergou que as respostas não bateriam a sua porta naquele momento. Então, levantou, sacudiu a poeira, olhou ao redor e decidiu voltar para casa.

No caminho, viu as luzes da cidade, enquanto buscava no dial do seu rádio uma freqüência que tocasse uma música inspiradora. E assim, pensou no amanhã e que, mais uma vez, ao acordar, uma dúvida lhe desejaria bom dia...

*Da série Sobre: a vida, recortada em detalhes.

sobre as estrelas...

Postado por Abaixo do Radar , quinta-feira, 22 de abril de 2010 23:50

"Cause all of the stars, are fading away... Just try not to worry, you'll see them some day..." (Oasis)

Esta semana, estive refletindo acerca da vida e das relações humanas. Acho interessante perceber como os acontecimentos da pós-modernidade têm influenciado de maneira negativa na crença que as pessoas têm nelas mesmas.

Hoje, as pessoas mudam com a fugacidade de um chocolate que derrete na boca, em um processo em que - certas vezes - o apaixonante sabor vai se esvaindo até se tornar uma lembrança marcante de algo que por alguns segundos foi sensacional. Ou não.

O ímpeto pelo consumo, rápido, instantâneo e inconseqüente, nada mais é que uma demonstração da fragilidade do indivíduo expor a sua verdadeira forma, já que este vive angustiado em uma sociedade que o pressiona para que ele não se preocupe em ser, mas sim em ter ou parecer.

A maioria das pessoas, certas vezes, mais parecem marionetes da sociedade, do que indivíduos dotados de escolhas, pensamentos e corações. Como todo ser humano, às vezes também me sinto pressionado, falho e posso agir como uma marionete da sociedade. Mas ainda tenho fé e acredito que algumas das estrelas nem precisarão desaparecer, mesmo que a maioria delas já não brilhe mais...

*Da série Sobre: a vida, recortada em detalhes.