teorias de uma vida: presente, professor(a)

Postado por Abaixo do Radar , quarta-feira, 28 de julho de 2010 01:13

“I’ll be there for you, cause you’re there for me too...” (The Rembrandts)

Acho interessante como o sistema universitário brasileiro é estruturado na esfera pública. Sério! E longe de tecer maldosos comentários aos brilhantes pedagogos que os estruturam. Vou apenas alfinetar um dos detalhes que me incomodam profundamente e, talvez, não haja razão para ser da forma como é.

Ser professor é uma verdadeira vocação. Não que os professores universitários ganhem mal (tanto que a moda de fazer greve todo ano parou em grande parte das universidades públicas, acreditem!). Também não estou dizendo que é um suplício exercer a profissão de passar conhecimentos e auxiliar formação de novos talentos. Mas a paixão demasiada pela caderneta e sua tabela de pontos e “x” para verificar quem está ou não, me dá nos nervos.

Tudo bem que vários professores nem as utilizam. Outra parte, quando muito, passa listas facilmente enxertadas com nomes de quatro, cinco, dez colegas que sequer pisaram na universidade no semestre, mas juram fazer a disciplina. Entretanto, grande parte das pessoas sabe exatamente que estar na aula, não necessariamente é estar lá, ou irá fazer alguma diferença no seu aprendizado ou no seu resultado final.

E, neste ponto, entra a crítica. Questiono-me freqüentemente porque parte dos professores utiliza a caderneta de freqüência como uma arma. Sim, e de forma completamente despudorada! Usam para ameaçar os pobres alunos a estarem sempre presentes, caso contrário, independente dos seus rendimentos ou aprendizados serão punidos severamente com a munição da reprovação.

Por outro lado, vejo que o intuito maior da universidade é justamente universalizar o conhecimento. Ou seja, tornar comum, ampliar acessos, criar oportunidades, formar cidadãos. Mas isso só acontece se feito de maneira diferente, para pessoas diferentes. Logo, não é possível obrigar que todos os alunos tenham as mesmas dificuldades ou facilidades de aprendizado, ou que o rendimento de A ou B seja o mesmo, estando em todas as aulas ou apenas de corpo presente.

Por fim, várias vezes essa fixação por reprovar alunos por falta, acaba fazendo com que alguns alunos freqüentem as aulas apenas para não levarem-nas, mesmo quando são capazes de aprender o conteúdo inteiro de maneira autodidata apenas contando com o professor como tutor e direcionador de seu aprendizado em dúvidas que, não necessariamente, precisam do convívio diário em uma sala de aula. E, assim, acredito que esses fatores acabam por fazer com que estes alunos atrapalhem outros, que realmente precisam de uma imersão maior.

*Da série Teorias de uma Vida: um palpite sobre (quase) tudo.

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