teorias de uma vida: carpediação
Postado por Abaixo do Radar , sexta-feira, 6 de abril de 2012 02:07
“Eu já passei por quase tudo nessa vida, em matéria de guarida espero, ainda, a minha vez...” (Zeca Pagodinho)
A vida da gente é recheada de escolhas, opções, experiências distintas e em muitos aspectos pode lembrar a construção de uma cidade. Sim, uma cidade, com milhares de formas e modelagens, propósitos completamente diferentes, talvez desprovidos de qualquer harmonia.
Os “carpediadores” que me perdoem, mas, embora questionável, essa harmonia é fundamental. Não consigo achar crível ou sensato que alguém consiga viver completamente no “deixa a vida me levar”, sem qualquer planejamento para chegar a algum lugar, ou tomar determinada decisão.
Não, não estou fazendo uma defesa do artificialismo e do continuum tático e estratégico, embora acredite que isso faça diferença. O ponto é que, certas vezes o excesso de carpediação¹ na pós-modernidade² leva a uma diversão momentânea e a uma inexplicável leveza, mas que talvez deixe as coisas um pouco mais superficiais e sem rumo, quando se trata das relações interpessoais.
E, assim, cada vez mais as pessoas sentem falta das coisas sentidas, experimentadas, vividas e construídas em parceria, porque preferem “ver no que vai dar”, do que tentar um mínimo de demonstração mais elaborada de onde se pode chegar. Mas, onde é mesmo?
¹ Neologismo meu para a prática do carpe diem.
² Referência aos textos do mestre Bauman.
*Da série Teorias de uma Vida: um palpite sobre (quase) tudo.
Muito me levaste a refletir sobre o q escreveste. Muito bom!